Válvula de escape
As teorias do desenvolvimento mostram que não há apenas uma fórmula capaz de levar uma nação a alcançar satisfatório padrão de vida, mas vários teóricos destacam o papel das instituições nesse processo. Países com instituições frágeis se desenvolvem mais devagar. Sob esse prisma, Brasil e Grécia têm desafios similares. A Grécia da era moderna foi "inventada" no século XIX, por pressão da Inglaterra e da França, numa contraofensiva para debilitar o império otomano. Depois de dominarem as colônias bizantinas (greco- romanas) em todo o território que se tornou a Turquia, os otomanos espalharam sua influência pelo Oriente Médio, Norte da África e entraram na Europa pela atual Grécia. Lá, acabaram esbarrando em outra esfera de influência, a dos venezianos (até hoje, fica claro essa divisão no território grego). A Grécia recomeçou com uma monarquia fajuta, virou uma república assolada pela corrupção e ainda se ressente de boas instituições. A União Europeia foi o guarda-chuva que possibilitou aos gregos enveredar pelo segmento de serviços (o porto do Pireu é o quinto mais movimentado do Mediterrâneo) e não depender apenas da produção de azeite - eles têm uma oliveira para cada habitante, ou seja 11 milhões - vinho, pistache, laticínios. Fora da UE ou do euro, a Grécia não tem saída.
Economicamente, o Brasil está muitos passos à frente da Grécia. A possibilidade de termos uma crise semelhante é quase zero. Mas o país também encontra- se no estágio de consolidar instituições. Se por um lado o escândalo da Operação Lava Jato deixa os brasileiros envergonhados e desgostosos, por outro nos deixa diante de uma chance. A partir de agora, políticos, empresários, executivos e burocratas terão de pensar duas vezes antes de fazer algo debaixo do pano.
Volta às origens
Descendente do Visconde de Araruama e de uma família com longa tradição na cultura da cana- de- açúcar ( desde meados do século XIX), na região de Quissamã, Norte do Estado do Rio, Haroldo Carneiro da Silva recentemente confirmou que tem também como antepassado um dos fundadores da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. De sobrenome Barcelos, o antepassado produziu cana e cachaça na Ilha do Governador (que por um tempo foi conhecida como Ilha dos Sete Engenhos). Por coincidência, sua família criou sete engenhos, a partir de 1858, no Norte fluminense, reunidos em 1877 no Engenho Central de Quissamã. Haroldo reabriu em 2010 o Engenho São Miguel e, desde então, vem produzindo lá cachaças premiadas em concursos internacionais. Para marcar os 450 anos do Rio, resolveu produzir uma edição limitada da cachaça que batizou como Sete Engenhos. Na produção de cachaças de mais qualidade, voltadas para degustação, Haroldo não está sozinho no Estado do Rio. Há vários outros alambiques premiados (como o da Fazenda Soledade, de Nova Friburgo, da Quinta Branca, do Carmo, de Werneck, de Rio das Flores, do Engenho D'Ouro, de Paraty, e da Reserva do Nosco Envelhecida, de Resende). Diferentemente da industrial, a cachaça de alambique permite que se separe na destilação os 10% iniciais da "cabeça" e os 10% finais da "cauda", que por concentrarem os aldeídos causam a terrível ressaca.
Válvula de escape
Na avaliação do governo estadual, o Arco Metropolitano, inaugurado há um ano, exerceu influência direta na decisão de 41 empresas que se instalaram nas suas proximidades desde que as obras começaram. Pelo Arco, transitam diariamente cerca de 13 mil veículos, ajudando, assim, a desafogar as principais estradas que dão acesso ao Rio de Janeiro, sempre às voltas com congestionamentos crônicos. O Estado identificou um total de 58 quilômetros quadrados de áreas apropriadas para abrigar distritos industriais, metade delas no município de Duque de Caxias. Para completar o Arco, falta a duplicação de um trecho (Magé-Itaboraí) sob responsabilidade do governo federal, que se comprometeu a completar a obra.
Apreciadores de carne
Açougues tradicionais estão desaparecendo nas grandes cidades, pois os supermercados ocuparam esse mercado. Mas para atender a consumidores exigentes e loucos por um bife, surgiram as chamadas butiques de carne. No Rio, a maioria fica na Barra da Tijuca. Há seis meses, três jovens empreendedores abriram uma loja no Leblon (Zona Sul) e devido à aceitação agora fazem planos para chegar à Região Serrana e a Búzios. Cerca de 90% dos clientes são homens, na faixa de 30 a 50 anos. Esse segmento era antes atendido por importações do Uruguai, mas já há no Brasil vários produtores de raças europeias e da japonesa Wagyu (para apreciadores do bife de Kobe).
Data: 20/07/2015